A cana-de-açúcar é uma cultura de importância mundial, sendo plantada em cerca de 24 milhões de hectares com produção média de 1,5 bilhão de toneladas anualmente.
O Brasil é o maior produtor mundial, com estimativa de produção para a safra de 2020/2021 de aproximadamente 630,7 milhões de toneladas.
Mesmo com a alta produção, os problemas com as pragas da cultura sempre existiram e o Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cana se mostra essencial para redução das populações de insetos indesejáveis.
Além disso, o MIP pode contribuir com a melhora na qualidade da cana-de-açúcar e influenciar no valor final de ATR (Açúcar Total Recuperável).
Pode parecer confuso, mas se você compreender esses dois aspectos separadamente, ao final você vai poder associar o que um manejo bem feito pode contribuir para a qualidade da produção.
MIP na cana-de-açúcar
Vamos iniciar nossa conversa entendendo, resumidamente, o que seria o MIP na cana-de-açúcar.
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cultura da cana-de-açúcar tem os mesmos objetivos do que em qualquer outra cultura.
O principal ponto é reduzir as populações de insetos-praga com diferentes métodos de controle para manter o equilíbrio da lavoura de forma social, econômica e ecológica.
Por isso, a estrutura do MIP deve ter como base, ou alicerce, os passos que antecedem a tomada de decisão para que todo o processo integrativo seja efetivo.
E os pilares, sendo os diferentes métodos de controle, irão, de maneira integrada, contribuir para a redução das pragas na cana-de-açúcar.
Na figura acima você consegue identificar que as bases serão essenciais para ter um manejo eficiente.
Principais pragas da cana-de-açúcar
E como o primeiro passo é a identificação da praga, você deve conhecer quais são as pragas da cana. Veja as principais delas a seguir:
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Broca-da-cana - Diatraea saccharalis
Considerada praga-chave, a broca-da-cana pode ser encontrada causando danos em canaviais por todo o território nacional.
Consome o interior do colmo e causa danos tanto diretos como indiretos.
Fonte: KOPPERT. Lagarta de broca-da-cana.
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Bicudo-da-cana - Sphenophorus levis
Tem sido problema em muitas regiões brasileiras. Causa danos nos rizomas e no interior dos colmos em desenvolvimento.
Se não for controlado, o canavial pode não passar do segundo corte.
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Cigarrinha-das-raízes - Mahanarva fimbriolata
Essa praga pode causar perdas de 25%, o que compromete muito economicamente.
As ninfas produzem uma espuma na base dos colmos e nas raízes superficiais, onde se alimentam.
Fonte: Agro Bayer Brasil. Espuma produzida pelas ninfas e adulto de cigarrinha-das-raízes.
Essas são algumas das principais pragas da cultura. Mas não basta somente conhecê-las, é importante quantificá-las.
Além disso, conhecer, a maneira correta de fazer o monitoramento, seus respectivos níveis de controle e a influência que as condições ambientais irão ter em cada uma delas.
E daí em diante, você terá maior controle do que está acontecendo no canavial. Inclusive, você perceberá que existem diferenças entre um talhão e outro.
A base te dará suporte para uma tomada de decisão consistente e o uso dos diferentes métodos de controle de maneira integrada e te dará maior garantia na qualidade final da cana. São eles:
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Controle cultural;
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Controle biológico;
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Controle comportamental;
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Controle genético;
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Controle varietal;
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Controle químico.
E, nesse momento, poderemos discutir sobre como o MIP pode influenciar no valor final de ATR.
Relação de MIP e ATR
Antes de falar sobre a influência do MIP, precisamos entender melhor o que é o ATR.
Como mencionado anteriormente, o ATR é o Açúcar Total Recuperável, que representa a qualidade da cana e a capacidade de ser convertida em açúcar ou álcool, através dos coeficientes de transformação de cada unidade produtiva.
E o que isso quer dizer? Quer dizer que o cálculo do ATR está atrelado ao preço dos produtos finais da produção da cana.
A CONSECANA (Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo) estabeleceu um sistema de pagamento pela qualidade da cana entregue pelos produtores às unidades Industriais desde a safra de 1998/1999.
Esse sistema utiliza como base a qualidade expressa pela concentração total de açúcares (sacarose, glicose e frutose) recuperáveis no processo industrial e é representada em quilograma por tonelada de cana.
Para isso, existe uma fiscalização feita pelas associações, em laboratório, no período da safra.
E quanto maior a qualidade, maior rentabilidade.
Então, qual a relação com o MIP?
Como você pôde perceber, as principais pragas da cana-de-açúcar causam danos expressivos na cultura.
E esses danos reduzem a qualidade do produto, principalmente por estarem na base ou no interior dos colmos, afetando o ATR final.
Se você fosse fazer um manejo convencional, somente com o uso de pesticidas e sem monitoramento prévio, a chance de controle das pragas que já estão alojadas internamente seria muito baixa.
Com o MIP, essa chance de controle aumenta significativamente.
Primeiro, porque você estará monitorando os talhões de tempos em tempos, sem correr o risco de ter surtos.
E, segundo, você poderá utilizar dos diferentes métodos de forma integrada, como uso de agentes de controle biológico, variedades resistentes às pragas, controle cultural e químico.
Por exemplo, para controle de broca-da-cana, o uso da vespa parasitoide Cotesia flavipes, com liberações massais em campo, garante redução da praga evitando redução da sacarose, mantendo a qualidade.
Fonte: Asplan. Cotesia flavipes parasitando lagarta de Diatraea saccharalis.
Esse é apenas um exemplo. Com o MIP, a qualidade do produto final será mantida. Sem mencionar os benefícios desse tipo de manejo a longo prazo.
Conclusão
Neste texto você viu a importância de fazer o Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cultura da cana-de-açúcar e seus benefícios no valor do Açúcar Total Recuperável (ATR) final.
Existem três pragas principais na cultura que podem comprometer a qualidade dos açúcares presentes no colmo.
O MIP tem como finalidade reduzir as populações dessas pragas com um forte embasamento em ações no campo e integração de vários tipos de controle.
O ATR tem uma grande influência de como as pragas são manejadas. E, com o MIP, os valores de ATR tendem a ser melhores do que em um manejo convencional.
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