A busca por produzir alimentos cada vez mais seguros e sustentáveis é uma realidade que vem sendo praticada há alguns anos.
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) tem como um de seus objetivos o controle de pragas e doenças de maneira sustentável com a utilização de vários métodos de controle.
Um desses métodos é o controle varietal; um método bastante utilizado e eficaz para controle de muitas pragas agrícolas.
Mas no que consiste o controle varietal? Quais são os tipos? Quando você deve utilizá-lo?
Confira melhor abaixo os detalhes desse pilar do MIP!
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Controle Varietal
O controle varietal de pragas, também conhecido como método de resistência de plantas, está entre os pilares do MIP e possui alta compatibilidade com os outros métodos de controle de pragas.

Esse controle pode ser obtido por meio do uso tanto de variedades quanto de cultivares de uma espécie de interesse. O que distingue esses termos é a forma em que a planta foi obtida.
Variedade vem de indivíduos de uma mesma espécie que possuem, naturalmente, características desejáveis, como nesse caso a resistência às pragas.
Já uma cultivar, derivada do termo “variedade cultivada” (do inglês “cultivated varieties”) foi obtida por meio do homem a fim de manter características desejáveis para a produção.
Por isso, o método pode ser obtido de diversas formas, embora o mais conhecido, atualmente, seja a transgenia.
Mas, de maneira geral, as plantas resistentes são aquelas que, devido às suas constituições genotípicas, são menos danificadas que outras em condições de igualdade para o ataque de uma praga.
É importante considerar que a resistência é relativa, hereditária, específica e ocorre em condições que, muitas vezes, serão determinantes para que a cultivar tenha capacidade de se manter resistente.
Graus de resistência
Dependendo das respostas da planta, ocorrerão diferentes graus de resistência:
- Alta resistência: quando sofre pequeno dano em relação às demais variedades;
- Resistência moderada: quando sofre dano um pouco menor que as demais cultivares;
- Suscetível: quando o dano é semelhante ao que ocorre nas demais cultivares;
- Alta suscetibilidade: quando sofre dano maior que os demais.

Fonte: Socicana. Diferentes variedades de cana-de-açúcar.
Tipos de resistência
Além do grau de resistência, existem também os tipos de resistência.
Uma mesma planta pode ter todos os tipos ou apenas um, já que são geneticamente independentes.
- Antixenose - o inseto tem menor preferência pela cultivar ou variedade para alimentação, oviposição a abrigo que outras cultivares ou variedades nas mesmas condições.
- Antibiose - o inseto se alimenta da cultivar ou variedade, mas sofre efeitos adversos na sua biologia, como morte em alguma fase de desenvolvimento, redução de fertilidade, fecundidade e de outros parâmetros.
- Tolerância - ocorre quando uma cultivar ou variedade é pouco danificada que outras variedades ou cultivares nas mesmas condições, sem que ocorram efeitos sobre a biologia da praga.
Melhoramento Genético
No Brasil, para obtenção de variedades ou cultivares resistentes à insetos, a partir da década de 70, foram iniciados programas de melhoramento genético desencadeados pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), na Seção de Entomologia Fitotécnica.
Tanto o melhoramento genético convencional quanto o melhoramento por transgenia passam por diversas etapas até que a variedade/cultivar possa ser utilizada pelo produtor.
As principais etapas são:
Definição da praga-chave;
Identificação e coleta de plantas fontes de resistência;
Definição dos métodos de melhoramento a serem utilizados.
Os programas de melhoramento têm duração que pode variar de 8 a 30 anos, dependendo da espécie de plantas que está sendo estudada, podendo ser uma cultura anual, bianual ou perene.
Por ter extensão territorial de dimensão continental, a obtenção de cultivares resistentes a insetos no Brasil deve ser de acordo com as condições do local de plantio.
Plantas transgênicas
Com os avanços tecnológicos na ciência, tem sido possível transferir genes de interesse para as plantas cultivadas por engenharia genética, os chamados OGM (Organismos Geneticamente Modificados).
Nos últimos 20 anos, essa técnica tem contribuído para a criação de cultivares transgênicos com resistência a diversas pragas, principalmente em grandes culturas como soja, milho e cana-de-açúcar.
A tecnologia mais conhecida utilizada em transgênicos é da proteína Bt, em que o gene é proveniente da bactéria Bacillus thuringiensis.
Cultivares contendo o gene dessa proteína, quando ingeridos pela praga, são capazes de causarem uma disrupção do intestino médio de espécies de lagartas (Ordem Lepidoptera).
Atualmente, é possível encontrar vários eventos de cultivares de diferentes espécies de plantas.
Os eventos têm diferentes níveis de controle, dependendo da praga-alvo em questão, e também ocorrem atualizações devido a perdas de tecnologia por pressão de seleção.
Outros genes de resistência a insetos são os inibidores de proteinases, os inibidores de alfa-amilase e as lectinas.
Liberação de OGM
Após conferir que a planta é resistente a determinada praga, a cultivar deve ser aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) - do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações - antes de ser comercializada.
Mesmo após a liberação comercial aprovada, existe um longo caminho até que seja estabelecida no mercado agrícola, como pode ser visto na imagem abaixo.

Fonte: CTNBio. Monitoramento de um OGM pela CTNBio.
A CTNBio foi criada em 2005, com o objetivo de prestar apoio técnico consultivo e assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa à OGM.
Também contribui no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente.
Conclusão
O controle varietal é um dos pilares do MIP e contribui muito para a redução populacional de diversas pragas agrícolas.
Esse método consiste na utilização de variedades ou cultivares resistentes a determinadas pragas sob condições específicas.
Existem diversos tipos de resistências que as plantas conferem e também os graus variam de acordo com a variedade.
Além disso, os OGMs são parte desse tipo de método que tem, a cada ano que passa, se mostrado eficaz em muitas culturas de importância econômica.
Referências
BALDIN, E. L. L.; VENDRAMIM, J. D.; LOURENÇÃO, A. L. Resistência de plantas a insetos: fundamentos e aplicações. FEALQ, Piracicaba, SP, Brazil, 2019.
GALLO, Domingos et al. Manual de entomologia agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 2002.
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