Na última temporada de inverno, em 2019, uma grande massa de ar polar atingiu em cheio a porção sul do estado de Minas Gerais, causando sérias consequências aos produtores da região. E um dos maiores problemas foi a forte geada no sul de Minas Gerais, região conhecida como grande produtora de café.
A geada no sul de Minas, essencialmente nas lavouras de café, é uma realidade não muito frequente, mas que causa muito medo aos produtores rurais, podendo ocasionar imensas perdas tanto em qualidade quanto no volume de café colhido.
Veja então quais são os impactos da geada no sul de Minas, além de quais são as medidas que cafeicultores precisam tomar para que os efeitos dessa ocorrência climática sejam, ao menos, reduzidos.
Geada no sul de Minas: Campos brancos na região cafeeira
Nos dias 6 e 7 de julho de 2019, os cafeicultores do sul de Minas amanheceram nas lavouras para contabilizar as perdas de mais uma forte geada que atingiu as lavouras de café nas regiões em todo o Sul de Minas.
Fonte: Geada na Fazenda Tupã, em Conceição da Aparecida/MG (Créditos: Thaina Freire)
Segundo analistas, a geada no sul de Minas ocorrida em 2019 foi bem mais abrangente que o outro caso de geada ocorrido em 2016, mas acredita-se que essa última ocorrência tenha sido mais problemática.
Entretanto, independentemente do ano em que a geada aconteceu, os cafeicultores sempre precisam pensar em algumas ações necessárias pós-geada.
Isso, porque, dependendo da intensidade de perda de área foliar, pode ser necessária uma recepa (poda drástica do cafezal). Mas, em outros casos, até mesmo o arranquio e substituição das plantas serão necessários.
Assim, o ideal pós-geada é fazer uma avaliação minuciosa e detalhada de cada nível de dano ao café, que terá que ser tratado de forma específica, não podendo seguir uma regra e, sim, buscar o máximo de eficiência agronômica a fim de amenizar os prejuízos.
Afinal, uma vez que a geada aconteceu, seus efeitos serão irreversíveis no curto prazo.
Geada nas lavouras de café: Muito medo para cafeicultores
Do ponto de vista agronômico, toda geada é um fenômeno que causa morte das plantas ou de algumas de suas partes em função da redução da temperatura ambiente. O processo de morte da planta se dará quando há a formação de gelo nos espaços intercelulares das plantas.
A geada que ocorreu recentemente nas lavouras de café no sul de Minas Gerais é uma realidade que certamente causa medo aos produtores rurais. Afinal, este é um fenômeno natural que pode matar as plantas de café e até causar a perda total da produção do próximo ano.
Um exemplo bastante clássico de grande perda da lavoura ocorreu na década de 70 no estado do Paraná, conhecida como Geada Negra. Na época, o estado teve toda a cultura dizimada devido aos danos ocasionados pelo fenômeno.
Tal preocupação tem fundamento porque, dentre todas as culturas, a planta de café é uma das mais sensíveis à geada. Essa sensibilidade está ligada especialmente a estrutura da parede celular, que no exemplo do café, é bastante sensível ao congelamento por poder se romper facilmente.
Por si só, o frio já causa um retardamento no crescimento da planta e as bordas das folhas novas tendem a amarelecer e até a escurecer. Mas, quando a geada atinge a planta, como o caso da geada no sul de Minas, as partes atingidas apresentam coloração bem escura, com aspecto de “estarem queimadas”.
Assim, em cafezais, os fenômenos de geada podem:
- Atingir apenas as partes externas da planta (geada de capote);
- Atingir o tronco em lavouras de até 1,5 anos (canela de geada); ou ainda,
- Queimar a planta como um todo, inutilizando-a.
Como cafeicultores podem evitar os efeitos da geada no sul de Minas?
Como vimos, mesmo não sendo frequentes, casos de geada no sul de Minas podem ser bastante trágicos para cafeicultores, principalmente quanto às questões produtiva e econômica.
Por isso, alguns manejos preventivos podem ser adotados pelos produtores rurais com o objetivo de, ao menos, reduzir os prejuízos com as geadas. Veja a seguir quais são os manejos mais recomendados nesse sentido:
1. Escolha da área de plantio
A primeira medida preventiva a ser adotada é a minuciosa escolha da área para plantio. Recomenda-se realizar plantios acima da “linha de geada”, que tenham o mínimo de 4 anos sem ocorrência de geada, assim será possível evitar locais de risco.
Para conseguir isso, é interessante buscar pelo histórico da área e nunca plantar em áreas de baixada.
Além disso, os locais abaixo da lavoura devem promover a drenagem do ar frio (evitando vegetação densa), mantendo também a vegetação de porte alto acima da lavoura, evitando assim a entrada de ar frio na lavoura.
2. Mantença da sanidade e nutrição do cafezal
A mantença de toda a sanidade e da boa nutrição da lavoura é outro ponto primordial e que precisa ser considerado, já que uma lavoura bem nutrida e sadia terá mais condições de tolerância à geada. Vale citar também que uma lavoura livre, principalmente da ferrugem, será menos suscetível a geada.
Porém, não é sempre isso que acontece e muitos produtores esquecem “desse detalhe”, fazendo com que a lavoura de café sofra consequências ainda mais sérias quando um fenômeno de geada acontecer.
3. Enterrio de mudas até 6 meses de idade
Certamente, a geada no sul de Minas deixou muitos estragos em cafezais. Com os pés grandes de café não há muito o que fazer, mas produtores podem tentar proteger os pés pequenos com técnicas bastantes simples, mas que apresentam boa eficácia.
Uma dessas técnicas, citada pela literatura, é caracterizada pelo enterrio de mudas de até 6 meses de idade, protegendo-as da geada. Contudo essa ainda é uma operação de risco e com custos bem elevados, muitas vezes tornando a técnica inviável.
4. Uso da irrigação para umidificar o ar
As propriedades que dispõe de sistemas de irrigação devem fazer uso da mesma. Essa estratégia visa umidificar o ar, que, por consequência irá elevar o ponto de congelamento.
A água de irrigação agirá como uma película protetora da lavoura. Assim, no momento da ocorrência da geada, as plantas estarão molhadas, então a água que envolve a planta será congelada se mantendo a 0°C. Isso irá proteger os tecidos vegetais, que costumam tolerar frios um pouco mais intensos. É um efeito semelhante ao que ocorre no iglu.
-
Adubação foliar com sulfato de potássio
Diante do risco climático da geada no sul de minas, os produtores podem optar por realizar uma adubação foliar com sulfato de potássio. Essa adubação tem mostrado bons resultados à medida que a adição de potássio na planta aumenta o ponto de congelamento da seiva.
Conclusões
A geada no sul de Minas foi uma ocorrência bastante preocupante para cafeicultores, principalmente porque a planta de café é mais susceptível a sofrer com as geadas. Isso obrigou os cafeicultores a fazer recepa e até o arranquio dos pés de café danificados.
Para evitar que fenômeno traga consequências mais sérias, o produtor rural pode adotar algumas estratégias, como mantença da sanidade e nutrição do cafezal, adubação foliar com sulfato de potássio antes da geada e adoção da irrigação.
---
Saiba mais sobre o único Software Agrícola completo do Brasil!
O CHBAGRO já atende 600 fazendas em todo país.
Se preferir, envie um e-mail para contato@chbagro.com.br ou ligue 16) 3713.0200.