O governo brasileiro fará uma nova proposta aos Estados Unidos para renovar o acordo sobre a importação do etanol. A cota com tarifa zero venceu no final de agosto e não foi renovada a pedido do setor agro.
Hoje, o governo americano tem isenção na importação de até 750 milhões de litros de etanol por ano. Caso ultrapasse esse número, a tarifa é de 20%.
Com o fim do acordo, que beneficia principalmente os Estados Unidos, a tarifa de 20% seria aplicada sobre qualquer valor e, por isso, parlamentares americanos estariam pressionando o governo de Jair Bolsonaro pela renovação da tarifa zero, com total isenção de impostos.
De acordo com a CNN, o Brasil se comprometerá a importar 181,5 milhões de litros de etanol pelos próximos três meses com tarifa zero. Em contrapartida, os Estados Unidos ofereceriam vantagens principalmente na compra de açúcar, depois que a eleição americana passar.
Continue a leitura do artigo e entenda como está esse embate e as consequências que pode acarretar ao mercado brasileiro.
Embaixador americano nega troca de favores
O Globo e o Estadão divulgaram que o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, teria pedido, em encontro com parlamentares brasileiros que as tarifas de importação de etanol fossem zeradas com o objetivo de favorecer a reeleição de Donald Trump, favorecendo, assim, o governo brasileiro.
O Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, controlada pelos democratas, pediu explicações a Chapman sobre as medidas comerciais solicitadas ao governo brasileiro e que poderiam promover positivamente a campanha de Trump, o que seria inapropriado para um embaixador e contra as leis americanas. No entanto, o diplomata nega ter pedido ajuda.
Em meio a esse imbróglio, o Estadão confirmou a veracidade das informações apuradas sobre as conversas entre o embaixador americano e membros do governo brasileiro.
A importação do etanol livre de impostos seria usada politicamente por Trump junto aos produtores rurais de Iowa, no meio-oeste americano, base do eleitorado republicano e um dos maiores estados produtores de etanol dos Estados Unidos.
Vale ressaltar que o etanol americano é produzido com subsídios a partir do milho. A pandemia reduziu a procura pelo produto, derrubando os preços dos combustíveis e agravando ainda mais a situação dos agricultores.
Importação de etanol divide governo brasileiro
A importação de etanol para os Estados Unidos tem criado um impasse para o governo brasileiro: desagradar um aliado importante como Donald Trump ou enfrentar o poderoso lobby agrícola que ajudou a eleger o próprio presidente Jair Bolsonaro.
O presidente norte-americano deseja beneficiar os produtores de etanol e de milho americanos em um cenário de pandemia que derrubou as vendas de combustível, fechou fábricas e reduziu a procura por milho. Os produtores brasileiros também foram atingidos pela pandemia do novo coronavírus e pressionam o governo pelo fim de qualquer importação isenta de impostos.
O Ministério da Agricultura defende a renovação da tarifa de 20% para a importação de etanol, apoiando o pedido dos produtores rurais brasileiros.
A tendência do Ministério da Economia é defender o livre comércio, já que o etanol importado representa apenas 3% do consumo brasileiro do combustível. Já o Itamaraty prioriza manter uma boa relação com o presidente americano.
De acordo com a apuração feita pela CNN, o problema é que o etanol americano chega ao Brasil pelos portos nordestinos, deslocando principalmente os agricultores locais, que geram mais empregos, porque sua produção é menos mecanizada.
Em entrevista ao Jornal Diário do Comércio, Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), disse que qualquer acordo de liberalização no comércio de etanol tem que ser acompanhado por uma redução no imposto de importação dos EUA sobre o açúcar brasileiro.
De outra forma, não haverá ganhos para o Brasil renovar a cota ou eliminar a tarifa.
Etanol isento de taxa deve ser prorrogado
O governo brasileiro parece ter encontrado uma solução para resolver o impasse da importação de etanol.
A cota sem tarifa deve ser mantida por mais três meses, enquanto os governos brasileiro e americano tentam negociar as melhores tarifas na exportação de açúcar aos Estados Unidos.
No dia 8 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, realizaram uma reunião com o setor sucroalcooleiro para tratar dessas negociações.
O próprio presidente informou aos produtores rurais sobre a cota de três meses, que se comprometeram em apresentar uma proposta de negociação sobre o açúcar, produto que apresenta dificuldade de entrada nos Estados Unidos, por conta das altas tarifas de exportação.
Segundo a Reuters, a conversa já foi reaberta com o governo americano e o Brasil propôs os três meses para permitir uma negociação sem tanta pressão por parte dos norte-americanos, já que Trump está em meio às eleições americanas, que devem acontecer no início de novembro.
A extensão da cota por três meses permitiria ao atual presidente dos Estados Unidos passar pelas eleições sem afetar suas chances nos Estados produtores de milho, matéria-prima do etanol americano.
Conclusão
A isenção da tarifa de importação do etanol para os Estados Unidos venceu em agosto, porém Trump gostaria dessa renovação para utilizar como trunfo em sua reeleição.
Em contrapartida, as empresas brasileiras produtoras não desejam manter a isenção visando um valor competitivo pago pelo seu produto, ainda mais pela crise ocasionada pela pandemia.
Essa discussão colocou o governo brasileiro em uma situação complicada, visto que tanto o apoio de Donald Trump quanto do lobby agrícola são importantes para o presidente Bolsonaro.
A solução encontrada foi prorrogar a isenção das tarifas por mais três meses, dando mais tempo para a renegociação tanto do etanol, quanto do açúcar, além de permitir que o presidente dos Estados Unidos se concentre nas eleições.
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