Assim como em outras culturas, a colheita de soja é uma importante etapa, devido ao alto valor, ocasionado por inúmeros fatores.
Por isso, estratégias devem ser adotadas para diminuir as perdas e aumentar os lucros, como por exemplo a época correta de colheita, o manejo de plantas daninhas, a manutenção e regulagem de máquinas, dentre outras mais.
Portanto, nesse texto vamos elencar dicas de como driblar esses fatores que prejudicam sua colheita de soja com o intuito de reduzir as perdas produtivas e elevar o lucro da sua lavoura.
Colheita: Máxima qualidade e mínimo de perdas
Num sistema de produção agrícola todo o processo é feito por sequências de etapas. A colheita é a ultima fase, a qual é responsável pela remoção do produto da área de produção com o intuito de um produto de qualidade e, de preferência, sem perdas.
Produzimos algumas dicas abaixo para obter melhores resultados no momento da colheita de soja:
1- Quando colher?
É aconselhável realizar a colheita mecânica da soja no estágio R8, visto que é o momento onde ocorre a maturidade de campo, representada por 95% das vagens maduras.
Porque não colher em R7, visto que é tratado como o ponto de maturidade fisiológica?
Bem, nessa fase o teor de umidade ainda está na faixa de 40%, o que prejudicaria a qualidade do produto.
Porém, entre R7 e R8 os grãos são "armazenados" na planta, condição tratada como adversa, pois o grão estará propenso à variação de temperatura e umidade, condições que podem afetar na qualidade final.
A umidade de colheita deve estar entre os teores de 13 e 15%, condição favorável à trilha mecânica e a menores perdas.
Em situações que a colheita de soja tem que ser feita com umidade superior, ocorre o que chamados de dano latente. E por outro lado, quando colhemos com umidade inferior, ocorre o dano mecânico imediato, acarretando na formação das bandinhas.
2- O solo pode interferir na colheita de soja?
Sim, solos quando preparados (abertura de áreas) devem ser bem nivelados, porque em situação contrária pode acarretar muita oscilação na barra de corte da colhedora.
Isso provoca corte em alturas desuniformes, dessa forma muitas vagens serão deixadas no campo e outras serão cortadas ao meio.
Como consequência disto, ocorre um maior valor de perdas, além de grande quantidade de soja tiguera no próximo cultivo.
3- Época de semeadura, espaçamento e densidade na colheita de soja
Semeadura feita em época diferente daquela tida como adequada provoca desenvolvimento de plantas com características pouco produtivas e de difícil colheita.
As duas situações que podem ocorrer são crescimento exagerado em altura ocorrendo o acamamento ou o pouco crescimento, sendo lavouras de pequeno porte e com baixa altura de inserção de vagens e de ramificação na haste principal.
O espaçamento, ou a densidade de semeadura, também atua no desenvolvimento da planta. Quando em elevada população ocorre o acamamento e populações aquém da recomendada ocorre a formação de plantas de pequeno porte (baixa inserção da primeira vagem).
Tanto o acamamento e o pequeno porte são características que prejudicam a qualidade da colheita de soja, resultando em perdas e menores resultados produtivos.
4- Escolha da cultivar
A escolha da cultivar está associada à adaptação do local de cultivo.
O uso de cultivares não adaptadas a determinadas regiões pode prejudicar a operação de colheita de soja, decorrente de características como baixa inserção de vagens e acamamento.
Além disso, pode aumentar a ocorrência de plantas verdes e/ou com hastes verdes no momento da colheita, o que interfere no teor de umidade.
5- Planta daninha versus colheita de soja
Quando presentes, as plantas daninhas, mantém a umidade alta por muito tempo, prejudicando o bom funcionamento da colhedora e exigindo maior velocidade no cilindro de trilha, resultando em maior dano mecânico.
Além disso, em lavouras infestadas, a velocidade de deslocamento deve ser reduzida, causando menor eficiência operacional pela menor capacidade efetiva de trabalho.
A altura de corte também é influenciada pela presença das daninhas, ocasionando aumento na quantidade de vagens não colhidas.
E por fim, por manter sempre úmido o plantel, ocorre uma maior proliferação de fungos, proporcionando menor qualidade de grãos.
6- Colha na hora certa
É comum na época da colheita de soja ocorrer uma grande demanda de maquinário em mesma época, desta forma em alguns casos é necessário o retardamento da colheita.
Mas o que isso implica? Quando os grãos ficam mais tempo no campo, cada vez mais ocorre a perda de água ocorrendo por consequência a deiscência, abertura das vagens, provocando maiores perdas.
Além da deiscência, esses grão estão mais propensos à deterioração, resultando em produto de baixa qualidade.
7- Controlar inseto pode ajudar na colheita da soja?
Sabemos que a soja é atacada por inúmeros insetos e neste caso vamos destacar os percevejos. Estes, ao atacar a planta, podem causar o que chamamos de Soja Louca, por causar anomalia nas plantas.
As plantas atingidas apresentam uma coloração verde e grãos pouco desenvolvidos quando atingem o ciclo ideal para a colheita. Ainda apresentam hastes verdes, retenção foliar e abortamento de vagens.
Desta maneira, sempre existirá umidade na plantação, além do fato de atrapalhar no momento do armazenamento desses grãos.
Relata-se que a soja louca pode reduzir 60% na produtividade da soja, principalmente em regiões quentes e chuvosas.
8- Dessecação em pré-colheita de soja
A aplicação de dessecantes acelera a perda de umidade, controla plantas daninhas e provoca desfolha da cultura. Além disso, permite a antecipação da colheita e obtenção de tempo para a semeadura da segunda safra.
Mas quando devemos dessecar? É comum fazer no estágio R7, momento em que os grãos já não servem de dreno (maturidade fisiológica), aproximadamente uns 10 a 15 dias antes da maturação da colheita de soja. Nessa fase as vagens começam a amarelar e 50% das folhas já estão amareladas.
A dessecação precoce pode comprometer seriamente a produtividade chegando a comprometer 50%, pois os grãos ainda estão recebendo fotoassimilados.
Produtos recomendados:
- Gramoxone + Agral (1,0 a 1,5 l/ha + 0,1% v.v.): dessecação para antecipação de colheita ou lavoura com infestação mista predominante de gramíneas;
- Reglone + Agral (1,0 a 2,0 l/ha + 0,1% v.v.): para antecipação de colheita ou lavoura com infestação mista predominante de folhas largas;
- Gramoxone + Reglone + Agral (0,75 a 1,0 l/ha de cada produto + 0,1% v.v.) dessecação para antecipação de colheita ou lavoura com infestação mista de gramíneas e folhas largas.
9- Maquinário
A colheitadeira é um ponto que requer atenção quando estamos com o foco de reduzir perdas!
É aconselhável a utilização de colheitadeiras com plataformas de corte flexível para acompanhar as ondulações do terreno e de cilindro de trilha com barras corrugadas, além de esparramador de palha.
No ato da colheita de soja é essencial que o molinete, a barra de corte, a velocidade da operação e as ajustagens do sistema de trilha e de limpeza estejam de acordo, com o objetivo de perdas limiares de até 60 kg/ha.
A velocidade de colheita recomendada é de 4 a 6 Km/h,o que permite rendimento e eficiência. Quanto ao molinete, sua altura será ajustada de acordo com as condições de sua plantação, porém sua velocidade será 25% superior a de deslocamento, aproximadamente 14 a 21 rpm.
A altura ótima das facas para o corte de soja oscila entre 1,5 a 10 cm. Já a altura da barra de corte deve ser ajustada de acordo com o porte da sua lavoura, se atentando a altura de inserção da primeira vagem ou da primeira ramificação.
Quanto ao sistema de trilha, recomenda-se que a abertura anterior ao cilindro-côncavo (entrada da massa na máquina) seja 3 vezes o tamanho do grão e a abertura posterior seja duas vezes, ou seja, 3:2.
O cilindro trilhador é regulado segundo a sua rotação de acordo com os estado e umidade da cultura, relata-se que essa rotação pode variar de 150 a 1500 rpm.
No sistema de separação e limpeza deve-se atentar ao tamanho dos orifícios das peneiras superior e inferior, a depender da cultivar que está utilizando. Além disso, deve-se regular a velocidade de ventilação, que varia de 250 a 1500 rpm, pois velocidades excessivas ocasionam o desvio de grãos, resultando em maiores perdas.
Estudos dizem que as perdas podem ocorrer tanto antes como no momento da colheita, de 80 a 85% delas ocorrem pelo sistema de corte das colhedoras (molinete, barra de corte e caracol), 12% são por mecanismos internos (trilha, separação e limpeza) e apenas 3% são causados por deiscência.
10- Logística de transporte
Logicamente, para o sucesso da colheita de soja deve-se pensar na logística de transporte.
Deve-se ter condições de estradas para facilitar o tráfego e ter poucos problemas com quebra de maquinário.
Além disso, já deve ser calculada a quantidade a ser estocada e local onde será estocado, garantindo manutenção da qualidade final do produto.
Conclusão
Nesse artigo vimos o quão importante é planejar sua colheita de soja, visto que é a última etapa do processo produtivo, mas que é desencadeada pelas etapas anteriores.
Demos dica de como deve ser feita a sua colheita com o intuito de reduz as perdas e aumentar a eficiência produtiva.
Entendemos que na colheita de soja são vários os pontos que requerem atenção, mas que quando feitos da forma correta e no tempo hábil obtemos sucesso na produção.
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