Atendendo a legislação e as exigências sociais e ambientais, a colheita mecanizada da cana se tornou uma prática que solidificou a sustentabilidade da cultura de cana-de-açúcar. Na última década, essa prática cresceu de forma acelerada, passando de 25% para praticamente 95% de toda a colheita realizada no país.
O elevado volume de impurezas que vão juntamente com a cana para o beneficiamento são importantes fatores que comprometem a qualidade e a produtividade da matéria-prima.
Para reduzir esses problemas é muito importante que a operação mecanizada seja realizada de maneira que não comprometa a produtividade, nem a qualidade da matéria-prima. Por isso é necessário pensar em soluções para que as impurezas decorrentes da colheita mecanizada sejam reduzidas.
Vamos discorrer sobre as principais perdas que afetam a qualidade da matéria-prima durante a colheita mecanizada da cana e os cuidados que devem ser tomadas para reduzi-las.
Principais perdas por impurezas na colheita mecanizada da cana
A colheita mecanizada da cana é um sistema integrado que, quando bem conduzido e monitorado, apresenta ótimos resultados e atende às exigências legais do setor.
Porém, a mudança da colheita manual para a colheita mecanizada resultou em mudanças significativas, como o corte da cana sendo realizado agora com a cana crua, não mais com a cana queimada. Mas, sem dúvidas, elevações dos níveis de perdas em produtividade na colheita representam as mudanças mais importantes.
Essas perdas podem se dar pelo excesso de impurezas, minerais ou vegetais, que são “colhidas” e levadas junto com a cana a caminho do beneficiamento da matéria-prima até a indústria.
As impurezas vegetais são representadas pelos rejeitos, como folhas verdes, palhas e ponteiros. Na cana crua, o volume dessas impurezas é bem maior quando há a comparação com a cana queimada, já que essa teria resíduos carbonizados, ficando somente o gomo da cana-de-açúcar.
Já as impurezas minerais são representadas pelos detritos ou partículas minerais, como terra e pedras que são coletados pela colhedora junto com os pedaços da cana. Vale lembrar, as colhedoras já apresentam dispositivos capazes de fazer essa limpeza de detritos, mas a eficiência não será de 100%, dependendo também de outros fatores.
Estes detritos podem causar desgastes excessivos em equipamentos da colhedora e da indústria, podendo elevar custos com reparações do sistema. As impurezas minerais também causam perda excessiva de sacarose, além de exigir mais paradas para manutenção e reparos.
Perdas na qualidade da matéria-prima: podem ser visíveis e invisíveis
Além das perdas por excesso de impurezas, a colheita mecanizada da cana também é sujeita a perdas ainda no canavial. Sendo divididas em visíveis e invisíveis.
As perdas visíveis são vistas mais facilmente no campo, sendo encontradas na forma de cana inteira (sem o corte devido), toco, tolete e pedaços de cana inteira.
Já a parcela das perdas invisíveis se dá na colheita mecanizada da cana. Estas são expostas na forma de caldo, serragem e pequenos pedaços, que são perdidos no processamento da colhedora na hora do corte da matéria-prima.
Estas perdas ocorrem principalmente em razão dos impactos mecânicos decorrentes do contato da ferramenta de corte com a planta. Também podem acontecer grandes perda nos processos de picagem, transporte e limpeza.
As razões que mais causam perdas invisíveis durante a colheita mecanizada da cana são:
- Ineficiência no uso de aparatos de corte, também conhecidos como corte de base, facas, discos de cortes e facão picador;
- Modelo usado pela colhedora;
- Velocidade rotacional dos extratores incorreta;
- Tamanho do tolete;
- Variações quanto à espécie plantada (características físicas da cana-de-açúcar)
Já as perdas visíveis estão ligadas ao aspecto característico da área colhida, tais como:
- Aspectos varietais: produtividade por área plantada, modalidade do tombamento da cana, teor fibroso do lote, isoporização (o quão esponjoso está o caule da cana);
- Preparação da área: padrão do espaçamento entre linhas, comprimento da área plantada, desuniformidade de solo, torrões e depressões, quebras de lombos e curvas de nível;
- Falhas durante a operação da colheita
Cuidados para reduzir as perdas durante a colheita mecanizada da cana
De fato, é realmente bastante complicado reduzir as perdas da matéria-prima decorrentes das impurezas vegetais e minerais e das perdas visíveis/invisíveis, visto que o agricultor está limitado às características e especificidades do equipamento de colheita.
Ou seja, com os equipamentos e as tecnologias atualmente disponíveis, o agricultor fica de mãos atadas, essencialmente no curto e médio prazo. Para o longo prazo, a tendência é que as tecnologias naturalmente avancem, com os problemas sendo lentamente sanados.
Mas, mesmo assim não podemos pensar em ficar parados. É preciso pensar em outras medidas que, mesmo diante da colheita mecanizada da cana, ajudarão a reduzir as perdas da matéria-prima.
As medidas recomendadas nesse contexto são:
Reduzir a velocidade de colheita
Diversos estudos indicam que colhedoras que operam com uma velocidade maior, elevam sua quantidade de perdas. Dessa forma, a redução da velocidade de colheita é recomendável, pois faz com que a máquina consiga retirar mais impurezas que ela mesma coloca em seu sistema.
Vale lembrar que, ao reduzir a velocidade da colhedora, o rendimento também cai, sendo preciso fazer uma dosagem de quanto reduzir na velocidade para que a perda operacional não seja tão intensa e a qualidade da matéria-prima aumente.
Práticas de manejo durante o plantio
Além de buscar a eficiência no momento da colheita da cana, o agricultor precisa pensar em muitas outras práticas associadas a todo o processo.
Assim, no decorrer dos manejos é preciso buscar a máxima eficiência, se preocupando em realizar as seguintes ações:
- Alinhamento mais perfeito dos sulcos de plantio;
- Melhor rebaixamento/nivelamento entre linhas;
- Planejamento para evitar excessivo pisoteio da cana e compactação do solo;
- Escolha da espécie varietal de cana que seja ideal para cada conjunto de necessidades, entre outras.
Maior reflexão por parte das usinas e treinamento do operador
Você sabia que, desde que a colheita mecanizada da cana se popularizou, houve uma perda média de até 10 kg de ATR por tonelada de matéria-prima enviada à indústria beneficiadora?
Não é possível estimar uma porcentagem, mas boa parte dessas perdas ocorreram em razão das usinas e grandes produtores estarem premiando operadores das máquinas por quantidade colhida e não por qualidade.
Diante desse cenário, é preciso refletir e começar a também premiar os operadores por qualidade de cana colhida. Assim, certamente ele terá mais cuidado e priorizará a velocidade da colhedora, a regulagem do extrator, fazendo uma condução mais cuidadosa do equipamento.
Mas vale lembrar que essa premiação deve ocorrer de forma conjunta com um bom treinamento do operador, afinal ele precisa saber exatamente quais são as necessidades de uma colheita mais eficiente, produtiva e qualitativa.
Conclusões
A colheita mecanizada da cana representa um avanço em sustentabilidade bastante importante que chegou para ficar nos canaviais de todo o Brasil. Mas, associada a isso vemos que houve um decréscimo na produtividade da colheita, principalmente em qualidade da matéria-prima.
Nesse caso, tanto as impurezas (vegetais e minerais) quanto as perdas (visíveis e invisíveis) representam importantes problemas que exigem algumas tomadas de decisão por parte da usina e do produtor.
Por isso, é necessário adotar algumas medidas que garantem um melhor processo de colheita. Essas medidas englobam as práticas na condução da colhedora, práticas de manejo durante todo o desenvolvimento da cultura e constante treinamento de operadores.
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