A interação solo-planta na nutrição da Cana-de-Açúcar

A interação solo-planta na nutrição da Cana-de-Açúcar

Publicado em: 22/04/2021

Com a adubação e nutrição do canavial de forma adequada é possível um aumento de produtividade.

Para o sucesso dessa operação, é importante o estudo do histórico da área e da análise de pontos que podem influenciar, tais como manejo, equipamentos e fonte de nutrientes.

Visando aprimorar e maximizar a eficiência operacional da nutrição e adubação da cana-de-açúcar é de suma importância conhecer o como a planta absorve os nutrientes.

E é por isso que hoje vamos aprofundar no assunto da nutrição, tratando desde o nutriente (elemento) na solução do solo até a sua atuação nos tecidos vegetais.


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Absorção dos Nutrientes

O solo atua como reservatório de minerais necessários na nutrição das plantas.

Para explicar como os nutrientes (M) saem da solução do solo até a parte aérea das planta, podemos esquematizar com a seguinte imagem:

Absorção dos Nutrientes
Fonte: Adaptado de EMBRAPA

A passagem dos nutrientes da fase sólida para a área de interação solução-raiz pode ocorrer por três processos:

Intercepção radicular

À medida que a raiz se desenvolve, entra em contato com íons (elementos) da fase líquida e sólida do solo, o qual, estando presente, será absorvido.

Nesta situação, o elemento tem que estar próximo das raízes ou na direção de seu crescimento.

A contribuição deste processo é muito pequena e a quantidade é proporcional a relação existente entre a superfície das raízes e a superfície das partículas do solo.

Fluxo de massa

Consiste no movimento do elemento em uma fase aquosa móvel, ou seja, solução do solo, devido a um gradiente de tensão da água adjacente (movimenta de uma região mais úmida para outra mais seca "próxima a superfície radicular").

A quantidade absorvida depende da concentração do elemento na solução do solo e da água contida no solo e absorvida pela cultura.

Isto é, o íon caminha pela solução do solo com a mesma velocidade de absorção desta até entrar em contato com a raiz e ser absorvido.

Os elementos dissolvidos são assim carregados pela água para a superfície radicular por fluxo de massa.

Nesse processo, os nutrientes do solos percorrem maiores distâncias e, geralmente, elementos com predominância de fluxo de massa possuem maior capacidade de lixiviação.

Difusão

Tratada como a movimentação do íon de forma espontânea numa fase aquosa estacionária (solução do solo), o qual o movimento é devido a variação de concentração, movendo-se de regiões de maiores concentrações para as de menores.

Normalmente, o movimento do íon na fase aquosa estacionária é feito em curtas distâncias, apresentam baixa lixiviação e tendem a manter a concentração no local de aplicação.

Fonte: UNESP

 

Como devo proceder minhas aplicação conhecendo a interação elemento-solo-planta?

Conhecendo como os elementos são absorvidos pelas plantas, podemos elencar algumas estratégias para maximizar a absorção dos elementos, conseguindo, assim, respostas produtivas.

As estratégias visam facilitar a absorção e/ou diminuir os riscos de perdas.

A seguir, mostro uma tabela detalhada sobre o comportamento dos elementos no sistema solo-planta e a respectiva estratégia de utilização.

Sistema Solo-Planta
Fonte: Adaptado de Adubai Consultoria

 

Mecanismo de absorção das plantas

Para que o nutriente entre dentro da planta, via xilema, existem dois mecanismos: passivo (apoplasto) e ativo (simplasto).

No mecanismo passivo, assim como já diz, o nutriente entra passivamente para dentro da planta sem que haja gasto de energia ocupando o apoplasto. Através dele, a quantidade de elemento (íon) chega a representar cerca de 15% do total absorvido pelas plantas.

Já o mecanismo ativo requer o gasto de energia da planta, pois o elemento consegue atravessar a membrana lipídica e em seguida chegar ao vacúolo da célula.

 

Fatores que Interferem na Absorção Radicular

Com o objetivo de suprir a demanda de nutrição das plantas, devemos conhecer quais os fatores podem influenciar essa absorção de íons, tanto no que se trata de disponibilidade do nutriente, das características das plantas e a capacidade de absorção radicular.

Absorção dos Nutrientes pelas Raízes
Fonte: Adaptado de Nutrição mineral de plantas UFLA/FAEPE

Podemos distinguir os fatores em fatores externos e internos, assim como mostro a seguir:

Fatores Externos

1- Disponibilidade: o elemento tem que se encontrar disponível e em contato com sistema radicular.

Nutrientes disponíveis encontram-se em maior concentração na solução do solo e, como consequência, temos maior absorção dentro dos níveis adequados.

2- pH : este estuda o potencial de hidrogênio no solo e a presença de H+, normalmente encontrado em nossos solos por serem tratados como ácidos, é um grande influenciador da disponibilidade de nutrientes às plantas.

Como mostra a figura a seguir, essa disponibilidade pode variar de acordo com a faixa de pH, sendo considerado ideal o ph de 5,5 a 6,5 no âmbito agrícola.

Disponibilidade pelo pH do Solo
Fonte: Carolina Brandani em ResearchGate

3- Aeração: existem algumas reações que ocorrem no solo que requerem a presença do oxigênio e, além dessas, existe a demanda desse elemento por microrganismos que processam a matéria orgânica presente ali.

4- Temperatura: relata-se que variações de temperatura de 0 a 30°C são benéficas para a absorção das plantas devido, principalmente, à atividade respiratória dos vegetais e à atividade enzimática.

5- Umidade: a presença de água no sistema solo-planta é crucial para a nutrição, tendo em vista que a água é o veículo carregador dos nutrientes e, além disso, os microrganismos mineralizadores demandam água para o processo.

6- O nutriente propriamente: a absorção dos nutrientes tem uma sequência no geral devido à velocidade de absorção.

7- Interação dos elementos: um íon, devido a sua diferença de cargas, pode comprometer ou ajudar a absorção de outro.

Quando auxilia a nutrição, chamamos de efeito sinérgico e, quando interfere negativamente, chamamos de efeito inibitório.

xemplos de Efeitos Interiônicos
Fonte: Adaptado de Nutrição mineral de plantas UFLA/FAEPE. Tabela 2.8 - Exemplos de efeitos interiônicos.

8- Micorrizas: são fungos que se associam às raízes das plantas de uma forma simbiótica, ou seja, sem causar dano, os quais aumentam a superfície de contato das raízes com o solo.

Micorrizas
Fonte: Adaptado de GMicS/Esalq

Fatores internos

1- Potencialidade genética: como sabemos, a genética explica muita coisa, dentre elas a absorção de elementos e a velocidade como esses são absorvidos.

Isso é muito influenciado pela capacidade de solubilizar na região das raízes e a presença de excreções radiculares.

2- Estado iônico da planta: sabemos que a absorção de determinado íon é comandado pela variação do gradiente de concentração, desta forma, se uma planta apresenta baixa concentração de "x" elemento, é provável que ocorra maior absorção do mesmo.

O que influencia a absorção devido ao estado iônico são os níveis de carboidratos, intensidade transpiratória dos vegetais e morfologia das raízes.

 

Conclusão

A nutrição de plantas consiste num estudo complexo, que envolve a planta, o solo e os elementos.

Desta forma, com o objetivo de valores produtivos satisfatórios, nota-se a importância de se conhecer bem essas interações e quais os fatores que podem afetar a absorção dos nutrientes.

De posse dessas informações, torna-se possível gerenciar a utilização e os custos dos insumos utilizados em sua propriedade.

 

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