Prós e contras da cultura perene

Prós e contras da cultura perene

Publicado em: 17/03/2020

A cultura perene é aquela que pode demorar a se tornar produtiva, como no caso de espécies frutíferas ou da silvicultura. Em outras palavras, a cultura perene não morre logo após a colheita, podendo oferecer muitos frutos ou biomassa antes de precisar de reposição.

Essa característica, no entanto, pode ser tanto uma vantagem quanto uma desvantagem. No artigo a seguir, falaremos um pouco sobre isso e como aproveitar o que há de melhor nesse tipo de plantio. Vamos lá?

Cana de Açúcar

 

Cultura perene: o que é e onde pode ser aplicada

De forma geral, a agricultura praticada no Brasil pode ser dividida em três categorias, da perspectiva do seu ciclo de vida:

O primeiro tipo são as Culturas Anuais ou Temporárias, que completam o ciclo de vida em uma estação e morrem após a colheita. Têm, também, épocas definidas para plantio ou semeadura e colheita, o que torna mais fácil a elaboração de um calendário agrícola. Exemplos de culturas anuais são arroz, milho, soja, entre outras;

Já a segunda categoria são as Culturas Perenes ou Permanentes, que crescem ao longo de um período maior do que um ano. A cultura perene pode ser de vários tipos, tais como silvicultura e fruticultura. No caso da silvicultura, o exemplo mais conhecido é o do eucalipto, que hoje em dia precisa de 4 a 7 anos para atingir a maturação para a colheita, dependendo do sítio e da linhagem plantada. Já na fruticultura, exemplos típicos são laranja, café, coco, ameixa, seringueira, entre outros. 

É importante observar que nem toda a cultura perene é arbórea. É o caso da cana-de-açúcar, uma herbácea que pode ser colhida de 3 a 4 vezes antes de precisar ser replantada. Aliás, essa é a terceira categoria de ciclo de vida agrícola: Semi-perene ou Bianual, pois em geral o ciclo produtivo dessas plantas não passa de dois anos. Exemplos de culturas bianuais são a banana, o abacaxi e o mamão.

Ao se avaliarem as vantagens e desvantagens de qualquer empreendimento rural, deve-se considerar pelo menos três aspectos: do ponto de vista econômico, social e ambiental. Assim, destacamos a seguir as principais vantagens e desvantagens das plantas de ciclo longo para um investimento agrícola.

 

Vantagens da cultura perene

Do ponto de vista ambiental, existem inúmeras vantagens da cultura perene. Uma delas é a diminuição de perda de fertilidade do solo pelo controle de erosão. Isto ocorre porque as culturas perenes permanecem mais tempo recobrindo o solo. Se plantadas corretamente, têm também raízes mais profundas, o que ajuda a melhorar e manter a qualidade da estrutura física do solo - ou seja, trazem maior estabilidade para o terreno.

Macieira

Nesse sentido, também colaboram com a diminuição dos custos de produção ao longo do tempo. Isso porque, se utilizadas boas práticas de conservação do solo, diminuem a necessidade de mecanização e preparo do solo. Por essa razão, costumam ser indicadas para localidades de solos naturais com baixa fertilidade, como é muito comum nos latossolos brasileiros.

No caso dos cultivos anuais, por exemplo, toda a vez que se realiza a semeadura, é necessário revolver e preparar o solo novamente. Essas atividades têm altos custos com insumos e mão-de-obra, além de impactarem a estruturação do solo e comprometerem a estabilidade do mesmo. Portanto, a cultura perene evita ou diminui a velocidade da degradação do solo sobre o qual estiver inserida. Em termos de manutenção do plantio, em razão de a cultura permanecer, é possível detectar e corrigir deficiências nutricionais na planta e evitar a perda total do cultivo.

É importante observar que cada espécie tem suas particularidades no que tange à exigência de nutrientes. Isto é, não existe uma única receita de sucesso para a implantação de cultivos agrícolas. Ou seja, cada caso é um caso e deve ser avaliado conforme as condições locais de clima, solo, disponibilidade de recursos e condições de mercado.

Outra grande vantagem da cultura perene é que, se for possível o uso de lavoura irrigada, a época da semeadura ou plantio não precisa seguir um calendário agrícola rígido. Além disso, a implantação de cultura perene pode ser feita intercalada com outros produtos agrícolas. Com isso, é possível colherem-se as vantagens de ambos os sistemas. É o caso dos sistemas consorciados, como plantios agroflorestais e sistemas de integração lavoura-floresta ou lavoura-pecuária-floresta. 

No caso da silvicultura, que trata do cultivo de árvores principalmente para utilização de sua biomassa lenhosa, seu uso mais comum é para a formação de uma poupança florestal. Ocorre que a implantação de projetos florestais pode ser comparado com outros investimentos, tais como poupança ou outras aplicações de renda fixa. 

Para se escolher qual plantio e qual sistema de manejo, deve ser realizada uma análise de viabilidade econômica, financeira, social e técnica, mas é muito comum que seja feita essa opção como um meio de garantir renda futura principalmente em caso de sinistros nos outros cultivos da propriedade. Ou seja, permite um incremento no rendimento do produtor ao final do ciclo produtivo.

Porém, da mesma forma que outros cultivos agrícolas, a cultura perene também está sujeita aos riscos climáticos e outros obstáculos inerentes à economia rural.

 

Desvantagens da cultura perene

Além de estar sujeita às mesmas dificuldades típicas de qualquer cultivo agrícola, a cultura perene pode ter um alto custo inicial quando comparada a outras. Por esse motivo, é importante realizar uma análise de viabilidade técnica, social e econômica antes de implantá-la. Similarmente, deve-se entender a implantação de uma cultura perene como um projeto de médio a longo prazo, principalmente da perspectiva da gestão. 

Isso nos traz para outra característica que pode ser uma desvantagem da cultura perene, que é a necessidade de mão-de-obra especializada e de técnicas de gestão apropriadas. Isso inclui o controle dos custos de produção e as tomadas de decisão para colheita, logística e precificação, principalmente se os produtos forem frutas.

Por outro lado, se o cultivo forem árvores para a destinação florestal e não agrícola, uma possível desvantagem são as necessidades de análise de mercado constantes. Além disso, a colheita florestal frequentemente é feita com o uso de máquinas e caminhões que podem compactar o solo. Com isso, serão necessárias atividades trabalhosas de descompactação e recondicionamento do solo ao final do ciclo.

Outra desvantagem da cultura perene é que requer manutenção constante, já que o problema da matocompetição ocorre o ano todo: nos períodos chuvosos, ocorre competição por nutrientes; nos períodos de seca, a competição é por água. 

Uma consideração importante é que, historicamente, grande parte dos produtos originados dos cultivos perenes requer beneficiamento industrial em alguma medida. Este é o caso do eucalipto, que é comumente destinado às fábricas de celulose e papel, carvoarias e serrarias. Mesmo produtos do extrativismo, como castanha-do-pará ou seringueiras também requerem algum tipo de agroindústria. 

Portanto, o escoamento dos produtos da cultura perene dependerá da presença ou perspectiva de implantação de zonas industriais na região. Se por um lado esses produtos podem vir a ter maior valor agregado, por outro torna a cadeia produtiva mais complexa. 

Assim, a cultura perene é aquela que tem o ciclo produtivo maior do que um ano, podendo ser bianual. As principais vantagens são o maior valor agregado dos produtos e a conservação ambiente, principalmente do solo. Porém, pode ter um alto custo de implantação e requerem atenção e gerenciamento constante ao longo do ano inteiro, ainda que não precisem seguir um calendário agrícola rígido. 

Aliás, saiba mais sobre como elaborar um bom calendário agrícola neste artigo!

 

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