O que são Dermápteros e como podem afetar sua lavoura

O que são Dermápteros e como podem afetar sua lavoura

Publicado em: 12/05/2020

A tesourinha, o dermáptero mais famoso aqui no Brasil, é um inseto bastante agressivo.

Ela ocorre com frequência em plantios de espécies comerciais importantes, tais como soja e milho, mas raramente se tornam pragas.

Por outro lado, seu comportamento ecológico e biológico a tornam uma espécie interessante para o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Dermáptera

A seguir, falaremos sobre essa espécie e como ela pode ser usada para controle de pragas na lavoura, além de ajudar a aumentar a sustentabilidade do cultivo.

 

O que é um dermáptero

O dermáptero (tesourinha ou lacrainha) é um inseto da família Dermaptera.

Em grego, o termo “derma” significa “pele” e “pteron” quer dizer “asa”, aludindo as asas anteriores desses insetos, que são uma característica marcante desses bichos.

Anatomia da Dermáptera

Em biologia de insetos (Entomologia), essa classe de invertebrados é descrita a partir de suas características morfológicas e comportamentais. Assim, um dermáptero tem asas frontais do tipo élitro, aparelho bucal mastigador e cercos em forma de pinça.

Esses cercos são a “tesoura”, que fica na parte posterior do corpo e são diferentes em machos e fêmeas. Os cercos são inofensivos ao ser humano, mas são usados para defesa e para fins reprodutivos.

O grupo dermáptero também tem o hábito de viver em locais úmidos e sombreados, tais como pedras, casca de árvore ou sob a palhada do milharal ou canavial. Atualmente, são conhecidas por volta de 2.200 espécies, sendo que 145 delas ocorrem no Brasil.

Seu hábito alimentar é onívoro, podendo inclusive ser canibal. A maioria deles se nutre de polpa de frutos abertos e em decomposição.

A característica mais importante de seu comportamento, no entanto, é que são predadores de ovos e lagartas de alguns lepidópteros (mariposas e borboletas).

Em termos reprodutivos, são hemimetábolos, que significa que não passam por metamorfose completa, apresentando as fases de ovo, ninfa e adulto. Dessa forma, um dermáptero típico tem entre 15 e 20 milímetros de comprimento.

Apesar de serem pequenos e inofensivos aos seres humanos, alguns agricultores não gostam deles.

Ocorre que, em pose defensiva, os dermápteros erguem o par de cercos (tesoura), o que os torna similar em aparência a um escorpião. Por sua aparência, alguns agricultores acreditam que esses invertebrados são problemáticos ao cultivo, o que não procede.

Na verdade, os dermápteros apresentam grande potencial de atuação no controle biológico de pragas – ou Manejo Integrado de Pragas (MIP).

 

Como as tesourinhas podem ser usadas no controle de pragas

Já se conhece o potencial de uso dos dermápteros para o controle de pragas desde 1886, mas o interesse em aplicar esse potencial só começou a crescer recentemente.

A principal razão para isso é a pressão da sociedade para a redução do consumo de agrotóxicos. Além disso, nem sempre uma única medida é suficiente para trazer equilíbrio para um agroecossistema (cultivo).

As tesourinhas, por seu comportamento predador voraz e agressivo, tanto em relação à sua própria espécie como em relação a outros insetos, são um grande aliado no combate a pragas importantes.

São os casos da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae)), importante praga do milho e da Diatraea saccharalis Fabr. (Lepidoptera: Crambidae) – a broca da cana-de-açúcar.

Isso porque elas se alimentam das presas em várias etapas de desenvolvimento: ovo, larva, pupa, ninfa e mesmo adulto.

Como os dermápteros ocorrem naturalmente em ambientes agrícolas, seu uso para controle de populações de insetos indesejáveis é ideal. Para ser efetivo, no entanto, esse controle deve ser feito em conjunto com outras práticas de controle agrícola.

 

Como as tesourinhas são usadas no Manejo Integrado de Pragas (MIP)

Conforme a Embrapa, o MIP "é o sistema de manejo de pragas que no contexto associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utiliza todas as técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico".

Dessa forma, as tesourinhas são usadas, junto com insumos e técnicas de manejo de solo e plantas indesejáveis, como forma de controle de insetos danosos.

Tesourinha

No caso do milho, a principal praga é a lagarta-do-cartucho, que pode causar a perda de até 34% da lavoura.

Suas características, no entanto, tornam difícil o controle puramente químico ou cultural. Portanto, é crescente o uso de predadores naturais, tais como o dermáptero, para a redução populacional dessas e outras lagartas, já que são onívoros.

O Controle Integrado de Pragas, assim como o MIP, é baseado nos seguintes princípios:

  1. 1. Exploração do controle natural,
  2. 2. Exploração dos níveis de tolerância das plantas aos danos causados pelas pragas;
  3. 3. Monitoramento das populações para tomadas de decisão e
  4. 4. Biologia e ecologia da cultura e de suas pragas.

 

É importante considerar também que, para ser considerada praga, uma espécie deve ter impactos significativos.

Para mensurar isso, utilizam-se os conceitos de Níveis de Dano Econômico (NDE), Nível de Equilíbrio (NE) a partir de um Nível de Controle (NC).

O Controle Integrado atua monitorando os níveis atuais da população potencialmente nociva dentro de parâmetros de controle para as espécies envolvidas.

Ou seja, nem sempre a presença de um inseto considerado daninho justificará a aplicação de controle (químico, mecânico ou biológico), pois é normal haver uma certa quantidade dessa população no agroecossistema.

O problema ocorre quando a densidade populacional supera o NDE.

Para que os predadores naturais possam atuar, no entanto, é importante adotarem-se outras medidas conservacionistas do solo. Nesse sentido, não se deve realizar a queima e nem a excessiva mecanização do solo no momento do preparo para o plantio.

Assim, as tesourinhas entram como parte de um conjunto de medidas de controle populacional de espécies nocivas ao cultivo.

Em outras palavras, predação do dermáptero auxilia na manutenção do Nível de Equilíbrio populacional, reduzindo a necessidade de controles mais agressivos e caros, tais como a aplicação agrotóxicos.

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