Veja estimativas e os maiores desafios da colheita do café

Veja estimativas e os maiores desafios da colheita do café

Publicado em: 06/05/2020

Há vários anos, o Brasil tem-se notabilizado como o maior produtor, exportador e o segundo maior consumidor de café em todo o mundo. Em média, a colheita do café no país tem correspondido a um terço de toda a safra global, sendo que 60% são destinados às exportações e o consumo interno ficando por volta de 40%.

E as estimativas para a próxima safra da colheita do café são bastante animadoras. Segundo estimativas feitas pela Embrapa para a safra 2020 a colheita no país deve girar entre 57,2 milhões e 62,02 milhões de sacas, com média de 60 milhões de sacas.

Essa estimativa representa um aumento de 12,9% em relação à safra de 2019, das quais 75% são da espécie de café arábica e os outros 25% de conilon.

Colheita de Café

Por outro lado, toda essa magnitude de produção traz consigo muitos desafios. Dentre eles, a colheita e a pós-colheita do café, já que estas são operações bastante críticas.

Veja então quais são os números da produção cafeeira no Brasil e saiba quais são os cuidados o cafeicultor precisará tomar na colheita do café e na pós-colheita deste grão para que otimize sua produção e a qualidade do produto.

 

Estimativas da colheita do café para a safra brasileira de 2020

A estimativa para a safra 2020, feita pela Embrapa, é de uma colheita do café que atingirá volumes entre 57,2 milhões e 62,02 milhões de sacas, resultando em uma média de 60 milhões de sacas.

A área também estimada para todo esse volume de produção contempla 1,88 milhão de hectares, representando um crescimento de 4% em relação à área da safra anterior, com uma produtividade média de 32 sacas por hectare.

Quanto aos tipos de café, a produção de café arábica representa 75% da produção total estimada, os outros 25% são de café conilon.

A safra do café da espécie arábica terá uma produção estimada que compreende o intervalo de 43,2 milhões a 45,98 milhões de sacas, o que dá uma média aproximada de 45 milhões de sacas.

Quanto ao café conilon, a produção calculada estimada ficou entre 13,95 milhões e 16,04 milhões de sacas, representando assim uma média do volume produzido total perto de 15 milhões de sacas de 60kg.

Com base nestas estimativas, pode-se inferir que na safra de 2020, proporcionalmente, de cada quatro sacas a serem colhidas três serão da espécie arábica e uma de conilon. Contudo, vale salientar que tais números ainda poderão passar por ajustes até o final da atual safra.

Os analistas ainda lembram que a atual safra é de bienalidade positiva para o arábica. Ou seja, neste ano as plantas estão recuperadas fisiologicamente, uma vez que a produção do ano anterior foi relativamente menor.

 

Minas Gerais ainda será o maior produtor de café arábica do país

Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o estado de Minas Gerais continuará sendo o maior produtor de café arábica do país.

As estimativas indicam que o estado deterá 74% do total nacional, com uma estimativa de colheita de café de 31,2 milhões de sacas, crescimento de 26,2% em relação a 2019.

No Espírito Santo, outro grande produtor do país, a estimativa indica uma produção 33,4% maior que em 2019. A produção capixaba deve alcançar 3,4 milhões de sacas.

Assim, se for estabelecido um ranking da área ocupada em produção para a safra 2020 pelos seis maiores produtores de café (arábica e conilon), podemos verificar a seguinte configuração:

  1. 1. Minas Gerais, maior estado produtor de café, com 1,033 milhão de hectares, que correspondem a aproximadamente 55% da área em produção no Brasil;
  2. 2. Espírito Santo, com 400,287 mil hectares que equivalem a 21%;
  3. 3. São Paulo, com 206,406 mil hectares, representando 11% do total;
  4. 4. Bahia, com 107,885 mil hectares, ou 6% de toda a produção nacional;
  5. 5. Rondônia, com 64,878 mil hectares, ou 3% de todo o volume produzido pelo país;
  6. 6. Paraná, com 36,120 mil hectares, representando 2% da produção.

Os demais estados produtores de café completam a área total em produção no país, que está presente nas cinco regiões geográficas do Brasil.

 

Apesar da alta produção, muitos desafios são enfrentados pelo cafeicultor

A colheita é uma das operações mais críticas de todo o processo produtivo, onde problemas durante esse trato podem acarretar na perda da produção, ou redução drástica na qualidade do produto.

Há ainda outros desafios que todo cafeicultor terá que enfrentar relacionados também à pós-colheita do café. Estes são capazes de influenciar tanto a quantidade quanto a qualidade do café colhido.

 

Principais desafios durante a colheita do café

Ao longo das últimas décadas, observamos que o cafeicultor brasileiro evoluiu significativamente, passando de um nível quase extrativista, de oito sacas por hectare, para um nível muito mais competente, permitindo a colheita de 36 sacas por hectare.

Entretanto, apesar de toda a evolução, muitos produtores não têm atentado para a importância das fases de finalização de um ciclo de quase dois anos para se chegar ao fruto de café. É a mesma coisa que correr uma maratona e desistir nos últimos 500 metros.

Fazendo essa analogia, o “sprint” final da maratona desse cafeicultor corresponde às etapas de colheita e pós-colheita do café. Estas são etapas determinantes para a qualidade de bebida e o rendimento da lavoura.

Assim, alguns são os desafios mais recorrentes que o cafeicultor terá durante a colheita do café:

  • Não se atentar, nem agir, diante do aparecimento de doenças e pragas na lavoura, comprometendo a qualidade do café;
  • Não esperar ou não saber definir qual é o estágio ideal (maturação) para a colheita do fruto;
  • Não utilizar os equipamentos corretos para a colheita. Vale lembrar que a colheita mecanizada pode reduzir os custos em cerca de 40%, quando comparamos a colheita mecânica com o processo manual.
  • Falhas na capacitação dos funcionários, resultando em gasto excessivo de recursos, desperdício e aumento dos custos com manutenção e reparos de maquinário.
Colhendo Café

A solução destes problemas passa pela capacitação constante da mão de obra, planejamento para a colheita do café de forma escalonada, considerando sempre a maturação ideal do grão e uso de boas máquinas de colheita.

 

A pós-colheita também reserva muitos desafios ao cafeicultor

Mesmo tomando as medidas anteriormente apresentadas, todo o investimento pode ser perdido se o cafeicultor cometer falhas durante a pós-colheita, sendo esse um desafio também muito importante.

Assim, durante a pré-colheita o cafeicultor tem muitas dúvidas e receios, tais como:

  • Devo fazer ou não fazer a remoção da mucilagem?

Ao despolpar o café, o cafeicultor costuma viver um dilema: remover a mucilagem ou não remover? Quanto devo remover? A resposta é: Depende!

No mercado de cafés, há uma variedade de que podemos produzir a partir disso, cada qual com uma característica diferente, saber qual setor você pretende agir será fundamental.

  • Secagem do café: como fazer sem errar?

A secagem do café é uma das operações mais importantes da pós-colheita. Sua finalidade é a de diminuir o teor de água do produto e, consequentemente, o risco de infestação por microrganismos.

Portanto, independentemente do método adotado de secagem (natural e artificial), alguns pontos devem ser melhor planejados, como evitar fermentação antes e durante a secagem, assim como impedir a temperatura excessivamente elevada.

  • Armazenamento: é preciso manter a qualidade do produto

O último desafio enfrentado pelo cafeicultor no pós-colheita ocorre no armazenamento. Quando as condições de armazenamento são inadequadas, a consequência pode ser sabores estranhos na bebida e perda de grão.

Assim, para não errar, o café deverá ser mantido nas tulhas, de preferência aeradas. Estas devem ser construídas em locais de boa insolação, drenagem e ventilados, com temperatura ambiente ao redor de 20°C e umidade relativa do ar de até 65%.

É fundamental conservar o café com 10,5 a 11% de umidade, já que ele pode absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado.

Por fim, é preciso salientar que a pós-colheita não aumenta a qualidade da bebida, mas certamente pode alterar ou comprometer sua qualidade, portanto, todo cuidado é extremamente importante.

 

Conclusões

As estimativas para a colheita do café no Brasil na safra 2020 são bastante animadoras, com uma produção estimada de 60 milhões de sacas, valor que representa aumento de 12,9% em relação à safra de 2019.

Porém, mesmo com toda essa produção, ainda são muitos os desafios que o cafeicultor brasileiro tem de enfrentar, estes estão bastante relacionados à colheita e pós-colheita do café.

Entre os desafios da colheita do café podemos citar falhas na definição da maturação do café e o não uso de maquinário correto, além das deficiências na mão de obra. Já os desafios da pós-colheita baseiam-se no planejamento da mucilagem, secagem e armazenamento do café.

Assim, para impedir que tais desafios comprometam a produtividade e a qualidade do café é altamente necessário priorizar cada ponto do processo produtivo e investir em planejamento de qualidade.

 

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