O comportamento animal é, por natureza, instintivo. As observações feitas ao longo dos séculos permitiram à humanidade estudar certos aspectos que contribuem no controle comportamental para o manejo de pragas.
O controle comportamental de organismos-praga é um dos pilares do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e é importante que esse conhecimento seja disseminado.
Você sabe como aplicar tal conhecimento na prática?
Embora seja uma área muito importante no MIP, as estratégias desenvolvidas para esse tipo de controle ficam, muitas vezes, somente dentro do âmbito acadêmico.

Nesse artigo, vou te esclarecer alguns pontos importantes deste pilar para que você possa aplicar, com eficiência, na sua fazenda. Confira!
Índice de Conteúdo (clique e vá direto ao assunto que procura)
- 1. Comportamento dos artrópodes
- 2. MIP e controle comportamental
- 3. Semioquímicos
- 4. Tipos de controle comportamentalConclusão
- Falar com um analista CHBAGRO
Comportamento dos artrópodes
De forma geral, o comportamento pode ser definido como o que os animais fazem quando interagem com o ambiente e com outros indivíduos, sendo da própria espécie e de outras espécies.
A sobrevivência dos artrópodes depende do comportamento que esses têm para conseguirem se manter no ambiente de forma que se reproduzam com sucesso.
Alguns comportamentos como locomoção, limpeza e alimentação são bastante individuais e não geram quase nenhuma influência sobre outros organismos.
Entretanto, quando se fala na comunicação entre eles, o comportamento pode atingir uma população inteira se houver alguma mudança.
Por muito tempo, o homem vem observando o comportamento dos insetos para saber suas principais características e o que deve ser feito para que, ao mudar algum fator no ambiente, possam ser controlados e não causar danos nos cultivos.
Pesquisas mais avançadas foram iniciadas no século 19, onde foi possível identificar compostos químicos que os insetos utilizam na comunicação e outros fatores que fazem com que eles sejam atraídos ou repelidos do ambiente.
Por isso, atualmente existe uma área de pesquisa em entomologia para identificar compostos que, se utilizados no campo, poderão alterar a dinâmica das populações dos insetos-praga.
MIP e controle comportamental
Compreender o mecanismo dos insetos, as dinâmicas populacionais e as interações com o ambiente são bases fundamentais para um efetivo Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Entretanto, não somente como base estratégica do MIP, entender o comportamento dos insetos e de outros artrópodes tem contribuído para sustentar os pilares do manejo.
Os avanços com o controle comportamental de pragas são de suma importância e podem contribuir ainda mais com as estratégias químicas, biológicas e culturais.

É muito importante que você se atente a esse pilar, porque o mesmo contribui para a modificação da distribuição das pragas no campo, ou inibem comportamentos específicos de alimentação, oviposição ou agregação, a fim de evitar danos econômicos.
Desde a identificação do primeiro feromônio, houve um aumento significativo nas pesquisas, tanto básicas quanto aplicadas, que proporcionou ao MIP um uso bastante diversificado dessa ferramenta.
Além disso, mesmo não estando muito disseminado no mercado, novas maneiras de alterar o comportamento das pragas estão surtindo efeito, como com o uso de semioquímicos com armadilhas para agir como atrativos ou repelentes desses organismos.
Os semioquímicos incluem tanto os feromônios quanto os aleloquímicos para alterar o comportamento dos insetos-praga no campo com a finalidade de controlá-los.
Semioquímicos
Os semioquímicos são sinais químicos, intra e interespecíficos, que atuam na comunicação dos insetos, permitindo a manipulação para controlar as pragas de uma determinada área.
Feromônios
Os feromônios são semioquímicos utilizados na comunicação intraespecífica, ou seja, somente indivíduos da mesma espécie podem se comunicar com esses sinais químicos.
São classificados de acordo com sua função, podendo ser de atração sexual, de agregação, de alarme e de marcação.
Aleloquímicos
Os aleloquímicos são semioquímicos que facilitam a comunicação interespecífica, ou seja, pode haver comunicação entre diferentes espécies.
Existe um maior número de produtos químicos e podem ser agrupados em:
Alomônios - que beneficiam o emissor e são prejudiciais ao receptor;
Cairomônios - que beneficiam o receptor e são prejudiciais ao emissor;
Sinomônios - que beneficiam o receptor e o emissor.

Fonte: Pinto-Zevallos et al., 2013
Tipos de controle comportamental
O controle comportamental pode ser utilizado na base do MIP ou na estrutura, que são os pilares.
Isso quer dizer que, quando se fala em controle comportamental, as estratégias poderão ser empregadas no monitoramento das pragas, mas também no controle propriamente dito.
Feromônios sintéticos
Cada espécie tem os feromônios para cada situação de forma específica. Estes podem ser sintetizados por biofábricas para serem aplicados no campo.
No manejo, são utilizados para monitoramento com armadilhas ou no controle daquela praga específica, por meio de diversas técnicas como:
Coleta massal - são utilizados feromônios de agregação, que atrai os insetos e reduz a população;
Atrai-e-mata - é utilizado um inseticida junto com o feromônio. Ao atrair as pragas, as mesmas terão contato com o inseticida e morrem;
Confusão sexual - distribuição de feromônio sexual (que atrai os machos) em diversas partes da área, fazendo com que ocorra uma confusão sexual e a população passa a ter problemas de reprodução.
São bastante seguros, devido a especificidade química.

Fonte: BioControle. Feromônio sexual de broca-do-café.
Aleloquímicos
Os aleloquímicos podem se originar de plantas, insetos, alimentos ou outras fontes.
Podem ser utilizadas plantas hospedeiras contendo aleloquímicos para atrair ou repelir as pragas e também para atrair inimigos naturais que irão agir controlando biologicamente.
Atraentes - podem ser utilizadas plantas iscas em que serão mais atrativas que a cultura, mas que não darão condições para que a população perpetue;
Estimulantes alimentares - alimentos que atraem as pragas fazendo com que elas não ataquem a cultura em determinada época (iscas açucaradas para mosca-das-frutas, por exemplo);
Substâncias que tornam as plantas menos palatáveis às pragas (por exemplo: coloral para pragas que atacam anonáceas).
Armadilhas
As armadilhas são elaboradas de acordo com o comportamento dos insetos.
São, em sua maioria, utilizadas com algum atrativo, que podem ser os semioquímicos, luz, cor e/ou som.
Existem diversos tipos de armadilhas, por isso é importante saber quais as finalidades e para quais pragas são utilizadas.
Armadilha sonora para controle de cigarras no cafezal

Fonte: Maquideia
Armadilha para controle de broca-do-café

Fonte: BioControle
Armadilha luminosa para atrair diversos tipos de pragas

Fonte: Isca
Conclusão
Neste artigo você entendeu melhor sobre o comportamento dos insetos e como o manejo pode utilizar dessa ferramenta para controlar pragas.
O controle comportamental é um dos pilares do MIP e existem muitas táticas que podem ser utilizadas ao longo da safra em qualquer cultura.
Os tipos de controle comportamental já estão sendo empregados, mas é importante que você entenda melhor como eles funcionam.
Referências
MATTHEWS, Robert W.; MATTHEWS, Janice R. Insect behavior. Springer Science & Business Media, 2009.
RADCLIFFE, Edward B.; HUTCHISON, William D.; CANCELADO, Rafael E. (Ed.). Integrated pest management: concepts, tactics, strategies and case studies. Cambridge University Press, 2009.
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