A queda no preço do petróleo impactou significativamente o setor de biocombustíveis, gerando preocupação para produtores de cana de açúcar com o etanol e a necessidade das usinas de aumentarem o mix de produção.
A perda na competitividade do etanol fez com que o açúcar ganhasse potencial, com destaque para as negociações no mercado externo.
A estratégia de aumentar o foco na exportação de açúcar tem ajudado as usinas a contornarem a situação de crise causada pela pandemia de coronavírus.
Até que o isolamento social possa ser flexibilizado e o volume de demanda pelo petróleo aumente, elevando novamente o valor do barril, a tendência é que o etanol permaneça com um baixo retorno.
Isso, porque, a gasolina barata faz com que os consumidores deem preferência a ela do que ao etanol.
Dentro do complexo sucroalcooleiro, a principal variável atual está relacionada ao consumo do etanol.
Confira quais as expectativas para o mercado de etanol e de açúcar para a safra 2020/21!
Números que marcaram o mercado de cana-de-açúcar na safra 2019/20
De acordo com o balanço de 2019/20 realizado pela UNICA sobre a região centro-sul, o número de cana processada alcançou a marca de 589,9 milhões de toneladas.
O crescimento em relação ao mesmo período da safra anterior foi de 3%, enquanto o ART apresentou 0,5% a mais, alcançando 138,57 kg por tonelada.
Em relação ao etanol, os resultados foram os mais positivos possíveis, batendo recordes históricos de produção.
O combustível atingiu a marca histórica de 33,24 bilhões de litros, com 1,62 bilhão de litros advindos do milho, totalizando um crescimento de 7,39%.
Para o açúcar, o cenário foi na contramão, registrando baixas recordes nos últimos 22 anos. O mix açucareiro foi de 34,32%, o que representou uma produção no centro-sul de 26,729 milhões de toneladas de açúcar.
Analisando a safra brasileira como um todo, incluindo outras regiões, como o Nordeste, o fechamento do setor em 2019/20 foi de 35,6 bilhões de litros de etanol e 29,8 milhões de toneladas de açúcar, totalizando 643 milhões de toneladas de cana de açúcar.
Do total de 35,6 bilhões de litros de etanol, 34 bilhões foram de cana e 1,6 bilhão de milho.
As expectativas para a safra de 2020/21 preveem um crescimento, mesmo em meio a crise causada pela pandemia de coronavírus.
De acordo com a Ancher, o centro-sul deve registrar uma produção de 596 milhões de toneladas, 2,25% a mais do que na safra anterior.
No entanto, o potencial de faturamento e venda para essa outra safra é o inverso do que o apresentado no ano passado.
Isso, porque, o isolamento social e a quarentena fizeram com que o preço do barril de petróleo despencasse, registrando a maior queda histórica do produto, o que fez com que a gasolina também sofresse com a desvalorização.
Com a gasolina praticamente no mesmo valor do etanol, a tendência é que os consumidores tenham preferência por ela, reduzindo assim a demanda pelo biocombustível e gerando uma mudança forçada nas usinas em relação ao que fazer com a matéria-prima da cana.
Sendo assim, a previsão é de que o mercado de etanol não preserve a tendência de crescimento do ano anterior, mas que o açúcar se torne a melhor alternativa para a recuperação do setor.
Estimativas para a safra 2020/21
Açúcar
De acordo com estudos e análises, estima-se que a produção para a safra de 2020/21 seja de 37,5 milhões de toneladas de açúcar, que marcou 26,73 milhões na safra anterior.
O crescimento se deve ao fato que citamos anteriormente, com as usinas focadas em aproveitar melhor sua matéria-prima e a alta do dólar para equilibrar a balança.
Os números positivos já estão sendo registrados. No mês de março, o complexo sucroalcooleiro aumentou suas vendas no mercado externo em 33,5%, alcançando US$ 490,24 milhões.
De acordo com um relatório da CONAB, há um vácuo no mercado externo causado tanto pelos problemas de produção na Tailândia, segundo maior exportador mundial, quanto pela decisão de alguns países de restringir as exportações para priorizar o mercado interno, como acontece, por exemplo, na América Central.
Além disso, também há problemas de embarque na Índia, em razão da pandemia.
O desabastecimento dos países importadores e a pressão em cima dos exportadores pode fazer com que novos contratos envolvendo o Brasil sejam negociados, favorecendo a abertura de novas oportunidades para a exportação.
Etanol
Para o etanol, as estimativas sinalizam uma queda de 31,6 bilhões de litros da safra passada para 25 bilhões de litros na safra 2020/21.
Em relação à produção brasileira total, é prevista uma baixa de 34 bilhões para 26,8 bilhões de litros.
Para o etanol anidro, que é adicionado à gasolina, a produção estimada é de 9,2 bilhões de litros, 8,8% a menos do que o registrado na safra 2019/2020.
Já em relação ao etanol hidratado advindo da cana-de-açúcar, a previsão é de uma queda significativa de 16% na produção da safra 2020/2021.
Com a redução na demanda interna, a exportação pode ser uma boa alternativa diante da alta do dólar. A comercialização no mercado exterior deve atingir a marca de 1,5 a 2 bilhões de litros.
De acordo com a CONAB, a redução nas vendas de etanol é a maior preocupação do setor no momento, tanto nas unidades de produção quanto nos postos, em decorrência da queda no preço da gasolina e na demanda por combustíveis.
A relação entre oferta e demanda só deve se normalizar com o fim do isolamento social e a reabertura da economia, quando os automóveis e demais setores relevantes para o mercado de etanol conseguirem recuperar o seu ritmo.
Conclusão
A produção de etanol vem tendo crescimentos contantes desde alguns anos, com a população preferindo pelo biocombustível em detrimento da gasolina.
Enquanto isso, a produção de açúcar sofreu no ano passado, tendo os piores números dos últimos 22 anos.
Entretanto, com a pandemia do coronavírus as expectativas se inverteram.
O etanol sofreu um queda drástica com as consequências do isolamento social e baixa no preço das gasolinas. Já o açúcar viu seu preço aumentar no mercado mundial, assim como suas exportações pela alta do dólar.
Esse cenário deve se manter durante esse ano. O açúcar brasileiro ainda vê crescimento de sua popularidade no mercado internacional, enquanto o etanol deve continuar em baixa, pelo menos até o fim do isolamento social.
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