Em tempos favoráveis ou em tempos de crise, a cana-de-açúcar continua sendo uma importante fonte de nutrição para o agronegócio brasileiro. Ela é a matéria-prima de produtos que, literalmente, movem o país.
Dessa forma, desenvolver os canaviais não traz apenas benefícios para os produtores de cana ou as usinas, mas para todos nós que, de alguma forma, utilizamos seus produtos.

Lidar com a plantação de cana é uma grande responsabilidade, visto o tanto de pessoas que dependem dela. Por isso um dos pontos essenciais nessa cultura é fazer uma boa nutrição e adubação para garantir uma boa produtividade.
Abaixo, vamos salientar as estratégias para que a planta consiga extrair a nutrição necessária para seu crescimento saudável, os fatores que influenciam na absorção desses nutrientes, como funciona a relação solo-planta e como maximizar a eficiência na utilização dos adubos. Confira!
Índice de Conteúdo (clique e vá direto ao assunto que procura)
- 1. Nutrição do Solo: os nutrientes necessários para a cana
- 2. Absorção dos Nutrientes
- 3. Fatores que Interferem na Absorção Radicular
- 4. Adubos mais Indicados para Cana-de-Açúcar
- Conclusão
- Falar com um analista CHBAGRO
Nutrição do Solo: os nutrientes necessários para a cana
Sendo a base do processo produtivo, o solo deve apresentar as características físicas, químicas e biológicas para o bom desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar.
Os nutrientes disponíveis para as plantas estão nas formas solúveis na solução do solo e grande parte deles estão adsorvidos aos coloides, ou na fase mineral ou orgânica como elemento lentamente disponível.
Para o pleno desenvolvimento vegetal relata-se a demanda de 16 elementos químicos, que podemos subdividir em minerais e não minerais:
- Nutrientes não minerais: Carbono (C), Hidrogênio (H) e Oxigênio (O).
- Nutrientes minerais:
- Macronutrientes primários: Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K);
- Macronutrientes secundários: Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S);
- Micronutrientes: Boro(B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo) e Zinco (Zn).
Nas imagens a seguir indico a ordem de extração desses nutrientes distinguindo tanto em cana planta e soca quanto na distinção das partes da planta.



Fonte: Adaptado de Yara
Absorção dos Nutrientes
O solo atua como reservatório de minerais necessários às plantas.
Tentando explicar como que os nutrientes (M) do solo saem da solução do solo até a parte aérea das planta, podemos esquematizar com a seguinte imagem:

Fonte: Adaptado de EMBRAPA.
A passagem dos nutrientes da fase sólida para a área de interação solução-raiz pode ocorrer por três processos:
Intercepção radicular
À medida que a raiz se desenvolve, entra em contato com íons da fase líquida e sólida do solo.
A contribuição deste processo é muito pequena e a quantidade é proporcional a relação existente entre a superfície das raízes e a superfície das partículas do solo.
Fluxo de massa
É o movimento do íon em uma fase aquosa móvel , ou seja, solução do solo, devido a um gradiente de tensão da água adjacente (mais úmida).
Isto é, o íon caminha pela solução do solo com a mesma velocidade de absorção desta até entrar em contato com a raiz e ser absorvido.
Os elementos dissolvidos são assim carregados pela água para a superfície radicular por fluxo de massa.
Nesse processo os nutrientes do solos percorrem maiores distâncias.
Difusão
Tratada como a movimentação do íon em uma fase aquosa estacionária (solução do solo) o qual o movimento é devido a variação de concentração, movendo-se de regiões de maiores concentrações para as de menores.
Normalmente o movimento do íon na fase aquosa estacionária é feito em curtas distâncias.
Fatores que Interferem na Absorção Radicular
Com o objetivo de suprir a demanda de nutrição das plantas, devemos conhecer quais os fatores que podem influenciar essa absorção de íons, tanto no que se trata de disponibilidade do nutriente, das características das plantas e a capacidade de absorção radicular.

Fonte: Adaptado de Nutrição mineral de plantas UFLA/FAEPE.
Podemos distinguir os fatores em fatores externos e internos assim como mostro a seguir:
Fatores externos
1- Disponibilidade: o elemento tem que se encontrar disponível e em contato com sistema radicular.
Nutrientes disponíveis encontram-se em maior concentração na solução do solo e como consequência temos maior absorção dentro dos adequados.
2- pH : este estuda o potencial de hidrogênio e no solo a presença de H+, normalmente encontrado em nossos solos por serem tratados como ácidos, é um grande influenciador da disponibilidade de nutrientes as plantas.
Como mostra a figura a seguir, essa disponibilidade pode variar de acordo com a faixa de pH, sendo considerado ideal no âmbito agrícola o ph de 5,5 a 6,5.

Fonte: Carolina Brandani (ResearchGate).
3- Aeração: existem algumas reações que ocorrem no solo que requerem a presença do oxigênio e, além dessas, existe a demanda desse elemento por microrganismos que processam a matéria orgânica presente ali.
4- Temperatura: relata-se que variações de temperatura de 0 a 30°C são benéficas para a absorção das plantas, devido, principalmente, à atividade respiratória dos vegetais.
5- Umidade: a presença de água no sistema solo-planta é crucial tendo em vista que a água é o veículo carregador dos nutrientes e, além disso, os microrganismos mineralizadores demandam água para o processo.
6- O nutriente propriamente: a absorção dos nutrientes tem uma sequência no geral devido à velocidade de absorção.
7- Interação dos elementos: um íon, devido a sua diferença de cargas, pode comprometer ou ajudar a absorção de outro. Quando auxilia a nutrição, chamamos de efeito sinérgico e, quando interfere negativamente, chamamos de efeito inibitório.
8- Micorrizas: são fungos que se associam às raízes das plantas de uma forma simbiótica, ou seja, sem causar dano, os quais aumentam a superfície de contato das raízes com o solo.

Fonte: Adaptado de GMicS/Esalq.
Fatores internos
1- Potencialidade genética: como sabemos a genética explica muita coisa, dentre elas a absorção de elementos e a velocidade como esses são absorvidos.
Isso é muito influenciado pela capacidade de solubilizar na região das raízes e a presença de excreções radiculares.
2- Estado iônico da planta: sabemos que a absorção de determinado íon é comandado pela variação do gradiente de concentração, desta forma se uma planta apresenta baixa concentração de "x" elemento é provável que ocorra maior absorção do mesmo.
Adubos mais Indicados para Cana-de-Açúcar
Altas produtividades nos canaviais estão vinculadas a uma boa nutrição e adubação das plantas, tanto em quantidade, como qualidade da fonte e época correta de disponibilidade.
Hoje destaco as principais fontes de NPK utilizados na cultura da cana-de-açúcar:
Nitrogênio
- Ureia;
- Nitrato de potássio;
- Sulfato de amônio;
- Fosfato monoamônico (MAP);
- Fosfato diamônico (DAP).
Fósforo
- Superfosfato simples;
- Superfosfato triplo;
- MAP;
- DAP;
- Termofosfato.
Potássio
- Cloreto de potássio, sulfato de potássio (48% a 50% ou 60% a 62% de K2O);
- Nitrato de potássio.
Além dessas fonte de potássio, em cana-de-açúcar é comum a utilização de vinhaça (rica em K) e torta de filtro, ambas com potássio. A torta de filtro também é rica em fósforo e cálcio.
Conclusão
Fazer uma boa nutrição e adubação do seu canavial pode ser sem dúvida uma boa estratégia para ganhos produtivos.
Hoje vimos o quão importante é saber o como esses elementos estão presentes no seu sistema solo-planta.
Ainda conseguimos destacar alguns fatores que influenciam na absorção desses elementos e por isso estabelecer estratégias para maximizar a eficiência na utilização dos adubos.
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