Ataque de Pragas e a Colheita da Cana-de-Açúcar

Ataque de Pragas e a Colheita da Cana-de-Açúcar

Publicado em: 15/10/2021

As mudanças que ocorreram no sistema de produção da cana-de-açúcar nos últimos anos foram gradativas. Mas o cenário atual já nos dá muitos indícios de como manejar melhor a cultura.

Com a proibição da queima do canavial estipulada no estado de São Paulo por meio do Decreto nº 47.700, de 2003, a colheita da cana crua passou a ser uma realidade.

Por ser uma prática mais sustentável, muitos fatores ambientais são beneficiados diretamente pela mudança na colheita.

Pragas e a Colheita da Cana-de-Açúcar

Entretanto, algumas pragas agrícolas passaram a ocorrer com mais frequência, principalmente pelo fato de possuírem ambiente propício para se manterem - o que antes era difícil, devido à queima.

Com isso, algumas práticas devem ser adotadas na cana-de-açúcar para que esse cenário esteja de acordo com o que o produtor está acostumado a alcançar ao final da produção e para que as pragas que forem surgindo sejam bem manejadas.

Leia abaixo e vamos entender melhor sobre tudo isso.


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O Cenário da Cana Crua

A queima do canavial ainda é uma prática muito comum no Brasil, porque facilita o corte manual e ainda elimina possíveis organismos-praga que estejam no ambiente, principalmente no solo.

No entanto, é uma técnica com impactos bastante negativos tanto ao meio ambiente quanto à saúde humana.

Após o Decreto nº 47.700, de 2003, do estado de São Paulo, muitos produtores foram migrando para a colheita mecanizada da cana crua.

setor sucroenergético ganhou muitos benefícios agronômicos e ambientais, o que atingiu mais de 95% da área plantada na safra 2016/2017.

Além disso, os produtores tiveram a necessidade de entender a dinâmica das pragas que ali se estabeleciam. Antes, quando havia a queima, algumas pragas eram consideradas secundárias, porque suas populações acabavam sendo destruídas.

Com a colheita mecanizada e sem a queima, pragas que não causavam problemas econômicos passaram a causar. Tudo isso porque essas pragas conseguem se manter na palhada que fica nos talhões, criando ali um ótimo ambiente para que se multipliquem.

Pragas e a Colheita da Cana-de-Açúcar

O caso mais comum é o da cigarrinha-das-raízes, Mahanarva fimbriolata, que incomodou muito os produtores logo de início quando ocorreu a transição de queima para cana crua e ainda incomoda até hoje.

Era uma praga de importância secundária, que causava danos de forma muito esporádica. Hoje, sem dúvida, é uma praga com grande importância econômica, podendo causar prejuízos expressivos.

Uma outra praga que tem preocupado os canavicultores devido a esse tipo de colheita é o bicudo-da-cana, Sphenophorus levis. Assim como a cigarrinha, esse inseto consegue ter abrigo devido às palhas que ficam após a colheita e permanecem na área.

Por isso, é necessário que se tenha um bom manejo da área. Voltar com as queimadas não é a solução, até mesmo porque ocorreram mais benefícios, principalmente pela sustentabilidade.

O cenário atual demanda um esforço no quesito do manejo dessas pragas.

 

Cigarrinha-das-Raízes

A espécie Mahanarva fimbriolata pertence à família Cercopidae e à ordem Hemiptera.

Os insetos dessa ordem possuem aparelho bucal adaptado para succionar o conteúdo interno da planta.

Por isso, ninfas e adultos têm a capacidade de causar danos tanto em raízes como em folhas da cana.

As ninfas produzem uma espuma esbranquiçada que tem a função de proteção e, com isso, conseguem permanecer sugando o conteúdo da seiva até que se tornem adultos.

Mahanarva Fimbriolata
Fonte: AgroBayer. Espuma causada por ninfas de Mahanarva fimbriolata em cana-de-açúcar.

Os adultos, além de causar dano direto se alimentando da seiva, ainda injetam toxinas que ocasionam manchas amarelas nas folhas e que se tornam avermelhadas com o tempo. Isso reduz a capacidade de fotossíntese das folhas e o conteúdo de sacarose nos colmos.

Também causam danos indiretos, porque as perfurações nos tecidos são porta de entrada para fitopatógenos que podem causar até a morte do colmo.

Os ferimentos gerados pela cigarrinha-das-raízes podem causar a necrose dos tecidos, o que pode provocar a morte das raízes. Devido ao murchamento, as touceiras ficam ocas, reduzindo muito o rendimento.

Ocorrem mais na região centro-sul, mas podem ser encontradas em diversas regiões do território brasileiro.

 

Bicudo-da-Cana

A espécie Sphenophorus levis pertence à família Curculionidae, da ordem Coleoptera.

A característica mais marcante desses insetos é o aparelho bucal em formato de rostro, o que o caracteriza como “bicudo”.

Nos últimos anos, essa praga tem sido um fator limitante para produção da cana, causando prejuízos econômicos. Além disso, os produtores encontram dificuldades no seu controle.

Embora os adultos tenham características diferenciadas por serem besouros, as larvas é que causam os maiores danos na cultura.

Os ataques acontecem pela formação de galerias pelas larvas no interior dos rizomas nas bases dos perfilhos ou nos colmos, causando falha nas brotações das soqueiras, redução da longevidade dos canaviais e até morte das plantas.

Bicudo da Cana

A principal forma de dispersão dessa praga é pela retirada de mudas em locais infestados.

Nos locais onde já ocorrem os ataques as populações têm aumentado devido à colheita mecanizada da cana crua.

 

Cuidados a Serem Tomados Contra as Pragas

Nesse momento, é possível pensar que o problema seja a colheita da cana crua.

Mas não se engane!

Os benefícios de se fazer esse tipo de colheita vão muito além do que foi apresentado aqui.

A questão é que, como toda mudança, existem percalços no caminho que ocorrem de maneira imprevisível, como foi o caso das pragas aqui apresentadas.

Por isso, é importante nesse momento saber como solucionar o problema.

Para as duas pragas aqui mencionadas, cigarrinha-das-raízes e bicudo-da-cana, existem muitas medidas de controle que podem ser adotadas.

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Com o Manejo Integrado de Pragas (MIP), os passos a serem seguidos não serão uma receita de bolo, mas com a dinâmica de todo o cultivo, fica mais fácil visualizar o que deve ser feito.

As estratégias de controle só farão sentido se houver um conhecimento da situação em que as pragas se encontram na área. Para isso, é essencial que se faça o monitoramento das pragas com frequência.

O monitoramento pode ser feito com amostragens periódicas com diversos métodos. O importante é que se faça um levantamento populacional.

Também é importante que os métodos de controle sejam feitos de maneira simultânea. Dificilmente essas pragas serão controladas com apenas um método.

Podem ser utilizados métodos culturais, físicos, biológicos, genéticos e químicos.

Vamos dar alguns exemplos de passos a serem seguidos:

 

Conclusão

Com a mudança na forma de colheita da cana, alguns insetos-praga se beneficiaram da situação, conseguindo se manter nas áreas por mais tempo.

Pragas que antes eram secundárias hoje são primárias e têm causado danos nos canaviais.

A cigarrinha-das-raízes e o bicudo-da-cana são as principais pragas que preocupam o produtor devido à essa mudança.

Aqui nós mostramos os danos que elas causam, mas trouxemos alguns exemplos de que são possíveis de serem controladas, desde que exista esse conhecimento.

 

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